10.14.2010

Perder é um detalhe.


Quem cresceu, como eu, vendo suar a camisa do Leão da Ilha jogadores como Alex Rossi, Régis, Jacaré, Dão, Evando e Marquinhos, só para citar alguns ídolos recentes, provavelmente não depende de resultados para ser feliz. Não posso falar por quem nasceu antes de mim, ou depois, mas posso falar de quem viu o que eu vi.

O único motivo que preciso para ter orgulho da camisa azul e branca listrada é a dedicação exaustiva e até mesmo incoerente dos jogadores que a vestem, que mantêm a mística de que o Avaí é o time da raça - e, desde que a raça continue vestindo nosso manto, então ele continuará sendo sagrado.

Gosto de ter ídolos no futebol, isso não faz com que eu admire pessoas em outras áreas, mas lembrar do gol do vento que o Evando levou na conta como dele, dos golaços de Marquinhos Santos ou mesmo dos gols do goleiro (!) Cesar Silva no Figueirense são dignos de causar uma sensação inominável. Ah, a Alex Raça correndo da zaga ao ataque, também, indescritível. Sim, meu time é um celeiro de ídolos - e todos carregaram, invariavelmente, a raça avaiana no coração, na chuteira e nas canelas.

Alguns dos que nos fizeram encher o peito para berrar arquibancas mundo afora podem depois ter cometido, fora de campo ou por outros clubes, atitudes lamentáveis. Pouco importa, não são suas ações sem a nossa camisa que ficarão nas capas dos jornais para a posteridade, ou nos blogs para recordarmos mais tarde. Para a instituição Avaí, talvez não sejam ídolos. Mas continuarão a figurar no eterno e sagrado Hall da Raça Avaiana, que cada torcedor o faz independentemente, de acordo com suas convicções, mas o faz - mesmo os que não se consideram fanáticos.

As nossas conquistas vieram todas na base da raça. Nem sempre se pode ganhar uma partida, um campeonato, somente com suor e dedicação. Que seja, desde que percamos de cabeça erguida.

Perdemos o jogo em Guayaquil. Pouco importa. Foi com raça, suor e lágrimas. Quinta-feira os outros 90 minutos de uma guerra serão jogados na Ressacada. E lá, perto do aeroporto e das canoas, ecoará para as Américas o berro de uma nação apaixonada exigindo uma única virtude: paixão pelo jogo, pelo esporte, mas, sobretudo, pela raça que escorre por nossas listras.



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